terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

A que ponto chegamos?


Não podia deixar de comentar a brutal violência ocorrida na quarta-feira, dia 07 de fevereiro, no Rio de Janeiro. O garoto João Hélio Fernandes, de apenas 6 anos, foi arrastado até a morte, pendurado do lado de fora do carro roubado de sua mãe, pelas ruas de quatro bairros da Zona Norte carioca. No dia seguinte, por volta das 15h, foram presos dois suspeitos: Diego Nascimento da Silva, de 18 anos e E., de 16 anos.

Segundo matéria publicada, sexta-feira (09), na Folha de Pernambuco, o crime causou comoção até entre os policiais e o “Disque-Denúncia recebeu 24 telefonemas e anunciou recompensa de R$ 2 mil. Pessoas telefonaram e se ofereceram para pagar a recompensa. O valor subiu para R$ 4 mil.”

Diego Nascimento da Silva, de 18 anos, confessou ter dirigido o Corsa roubado, mas disse que não percebeu que a criança estava preso ao cinto de segurança. Ele já foi acusado de latrocínio, cometido quando era menor de idade. Pela morte de João, ele pode ser condenado a até 30 anos de prisão.

O que mais me chocou foi a frieza desse rapaz ao responder aos repórteres se sentia remorso pelo sofrimento dos pais de João. Ele simplesmente disse: “eu não tenho filho”.
Seis dias após a morte de João Hélio, a decoradora Márcia Monteiro sentiu na pele a mesma aflição de Rosa Fernandes (mãe de Hélio), embora com um final menos triste. Ela afirmou que voltava do trabalho em Quintino, com o filho e uma amiga quando foi fechada por um veículo com dois homens armados. Em matéria publicado no Portal G1, ela disse que ficou desesperada e só se lembrava do menino sendo arrastado. “Os assaltantes berravam cheios de raiva: rápido. Quem manda aqui sou eu!”, completou a decoradora.
Por que tanta violência? Como resolver isso? Reduzir a maioridade penal?? Quer dizer que agora todos nós seremos obrigados a andar mais amedrontados ainda?

Hoje, os jornais divulgaram a notícia de que a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado discutirá, na quarta-feira (14), a redução da maioridade penal. A inclusão do assunto na pauta da comissão foi determinada pelo senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), que é favorável à redução da maioridade para 16 anos, de acordo com informações da Agência Senado.

Em contrapartida, a presidente do Supremo Tribunal Federal, Ellen Gracie, voltou a criticar o posicionamento do Congresso de só discutir medidas de combate à violência quando fatos como a morte do menino João Hélio Fernandes, 6, de grande comoção nacional, ocorrem. Segundo ela, esses temas não podem ser discutidos "em clima de forte emoção".

Concordo com a ministra, mas fazer o quê se no Brasil tudo só se resolve assim, em cima da hora. Sem contar que a redução da maioridade penal faz parte de temas polêmicos, como o aborto e a pena de morte. Será que isso irá resolver alguma coisa? Pode até ajudar, é verdade, no entanto, mais uma vez, estamos diante de uma solução paliativa. Por que não melhorar nossos serviços públicos, como educação, saúde, lazer e assim diminuir a desigualdade social?

Ah, meu Brasil, “pau que nasce torto...”

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