quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

A culpa foi do cordão...


Avenida Boa Viagem, Recife, domingo, dia 03 de fevereiro. O clima era para ser de uma bonita festa: descontração, pessoas animadas. No entanto, não foi isso que foi visto no desfile do bloco Balança Rolha. O desfilou aconteceu alguns anos após o fim do Bloco da Parceria (que acontecia nessa mesma época do ano) e do Recifolia (que acontecia nos meses de Outubro). Em nenhuma dessas festas foi registrada tamanha violência, como essa de domingo.

As autoridades deram suas justificativas para o ocorrido: policiamento insuficiente (inicialmente, 215 homens foram distribuídos nas imediações do evento), erro na estimativa do número de foliões (presença aproximada de 100 mil pessoas, quando, segundo os cálculos do comandante do 19º Batalhão de Polícia Militar, Edilson Monteiro, responsável pelo policiamento da Zona Sul da cidade, havia 200 mil pessoas no local).

Sinceramente, é muita ingenuidade achar que em um evento com uma das cantoras mais aclamadas da música brasileira atual, como Ivete Sangalo, iria atrair só 100 mil pessoas. Havia um outro evento acontecendo, simultaneamente, só que em Olinda: o desfile das Virgens de Verdade. Lá o clima foi de tranqüilidade. Por que será hein? Segundo o comandante Edilson Monteiro, a briga entre galeras tomou conta do local. “Não havia gente de bem metida naquelas brigas.” E isso é sabido. Basta assistir às imagens registradas pelas emissoras de televisão que se percebe o mesmo grupo presente em, praticamente, todas as confusões.

Como nesse país, os políticos costumam dar apenas soluções paliativas para os problemas da sociedade, aqui surge mais uma: a Prefeitura da Cidade do Recife resolveu pôr um fim aos blocos que desfilem com cordão de isolamento. A secretária de Gestão Estratégica e Comunicação do Recife, Lygia Falcão, classificou o desfile de blocos com cordão de isolamento como um formato excludente e que não faz parte da cultura do Carnaval da cidade. Ou seja, é melhor proibir esse tipo de festa para evitar brigas, do que aumentar o efetivo de policias, do que prepará-los melhor... Concordo quando ela diz que esse tipo de bloco “não faz parte da cultura do Carnaval da cidade.” No entanto, todos os anos é assim que o Carnaval de Salvador acontece e sem maiores transtornos. Logo, mais uma prova da falta de organização do evento.

Por outro lado, a direção do Bloco Balança Rolha já havia decidido, mesmo antes de saber da proibição imposta pela prefeitura, que a agremiação não iria mais fazer desfile de rua. O diretor-executivo do bloco, André Cavalcanti, acredita que o cordão de isolamento serviu para acirrar os ânimos entre as pessoas que estavam do lado de fora, a chamada pipoca. Mas “isso não é justificativa para tanta violência. As pessoas foram com a intenção de brigar”, disse Cavalcanti.A notícia, infelizmente, teve repercussão nacional, tendo uma matéria exibida no Fantástico, da Rede Globo. Esse tipo de veiculação negativa, às vésperas do Carnaval, é muito ruim para o estado de Pernambuco, uma vez que essa é uma das épocas do ano em que mais se atraem turistas. Lamentável.

*Foto: Rodrigo Lôbo/JC Imagem

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